domingo, 14 de outubro de 2007
Entrevista com Antônio Conceição
Entrevista com Antônio Conceição, sem duvida um dos maiores destaques da primeira fase do Storm Samurai Gp, que lutando de kimono derrotou um dos favoritos ao título dos pesados. Confira a entrevista exclusiva:
Antônio Conceição, sem duvida você era a grande zebra da primeira fase do Storm Samurai Gp, derrotar o Ed Carlos Monstro não estava nos seus planos?
Então, a grande zebra? Eu nem sabia, li alguns comentários em um fórum que tem ai no Portal do VT, e sinceramente achei que estavam brincando ou coisa parecida ou devem ser pessoas mentalmente incapacitadas pra escrever tanta baboseira, mas tudo bem, vamos falar sério agora. Eu não sei quem é que faz essas previsões a respeito das lutas, mas deveria antes de emitir certas previsões fazer uma pesquisa bibliográfica a respeito dos participantes de um evento dessa natureza, raciocinem comigo, vão se enfrentar dois atletas saudáveis, com dois membros superiores e mais dois membros inferiores tudo em ordem, acho que qualquer um poderia ganhar, ou achavam que o adversário do Monstro seria algum aleijado? Por favor, minha desvantagem era no peso, mas se alguém tivesse pesquisado mais sobre minha pessoa saberia que isso nunca foi problema pra mim, não seria agora, né? Além do mais eu não sou nenhum peso pena, além de ser um atleta duríssimo.
Você quando entrou na luta sabia que não era favorito, mas também não entrou pra perder...
Eu sinceramente não conheço ninguém que entre em uma luta, um jogo ou qualquer outra coisa com o intuito de perder, eu com certeza também não entrei pra perder, lógico que sabia que não ia ser fácil como realmente não foi, mas tudo dentro da normalidade. Em relação a favorito vamos fazer aqui uma ressalva com algumas observações: Com certeza todos me viam, na verdade não viam meu nome viam um ( ? ) sinal de interrogação, pois como é que a critica nem citava o Mago do Brazilian Jiu-Jitsu, um representante legítimo da arte suave, um atleta que luta esse tipo de evento desde o ano 1996, com certeza eu não sou nenhuma estrela do MMA, mas concordem comigo, não sou nenhum iniciante inexperiente. E agora voltando ao favoritismo vamos refazer os cálculos pra ver se chegamos a um resultado, o Monstro era o favorito certo? Então se eu ganhei do favorito eu matematicamente passei a ser o favorito, correto? E se favoritismo ganhasse luta eu deveria já ter pego na mão dos organizadores a chave do carro não é mesmo? Mas infelizmente as coisas não funcionam assim e eu terei que ganhar de meus adversários para que isso aconteça, coisa que realmente, eu acredito, vai ser muito difícil.
Que tipo de estratégia você procurou fazer na sua luta contra o Monstro?
Estratégia? Aquilo não estava nos meus planos, realmente aconteceu. Eu na verdade já esperava que ele viesse bastante ofensivo, mas não esperava tanto, se ele cansou é porque não estava com um bom trabalho orgânico. Eu na verdade queria encerrar a contenda com uma submissão, que é característica de minhas lutas, mas continuei golpeando, pois fiquei com receio que o árbitro voltasse a luta de pé.Vale destacar que a arbitragem do Sr. Arthur Mariano foi impecável.
Sem duvida essa foi a sua principal vitória no vale-tudo?
Não a principal, mas uma das mais difíceis com certeza.
E agora na próxima fase do Gp, serão 3 lutas na mesma noite?
É verdade, vou ter que estar fisicamente e tecnicamente muito bem preparado se eu quiser vencer esse torneio vou ter que contar com muita sorte também.
Quem você acha que poderá enfrentar na próxima fase? O Jamanta seria um possível adversário?
Olha, enfrentarei qualquer um independente de quem seja, na verdade ninguém me dá colher de chá, é só luta difícil, só adversário casca-grossa, não vai ser agora que vão facilitar pra mim, mas como será minha despedida tenho preferência pelos mais pesados ou mais algum favorito, quem sabe meu desejo é atendido? Da última vez deixei passar, mas se eu sentir que esta havendo alguma manipulação pra me fechar, o próximo vai ganhar um Pôster na sala de minha casa ou na parede de minha academia.
No final da sua luta você queria voltar para o centro do octógono e falar algumas palavras ao publico, fale agora o que você queria tanto dizer naquela hora.
Na verdade eu não queria falar nada, apenas deixar meu kimono e minha faixa no centro do octógono e fazer minha reverência, me despedindo das competições de MMA, mas como isso me foi negado farei minha despedida na próxima etapa independente de qualquer resultado.
Porque você sempre lutou de kimono?
Fica mais caracterizado com a modalidade que eu defendo, né? Engraçado que eu sempre ouço: você vai lutar de kimono? Ta maluco? Seu adversário vai segurar pra te golpear e etc, até hoje estou esperando esse alguém pra me segurar (gargalhadas), mas talvez eu devesse lutar mais sem kimono pra entreter o público.
Você é faixa preta de qual escola?
Na verdade eu comecei a treinar em Salvador sobre tutela dos Professores Edson Carvalho, Ricardo Carvalho e Nilton Ferreira, pelas mãos do Edson Carvalho eu sofri minhas piores punições em termos de jiu-jitsu, mas também aprendi muito sobre disciplina, intrepidez, determinação e respeito. Fiquei com eles até a faixa marrom, depois segui para o RJ onde fui graduado pelo professor Flavio Nobre, que hoje é filiado ao De La Riva, hoje quando vou ao Rio dou sempre uma refinada no meu jiu-jitsu lá no professor Paulo Mauricio Strauch que é uma figura fora do normal.
Como vão as lutas em Jaraguá?
Em Jaraguá praticante não existem eventos de lutas profissionais, a cidade é um pólo industrial e as pessoas são mais voltadas ao trabalho e a outras atividades profissionais, não dando muita importância a pratica de atividades físicas e modalidades de lutas. O número de praticantes de Jiu, também é muito baixo pra o número de habitantes da cidade, mas isso se deve a cultura local.
Qual o seu principal motivo da aposentadoria?
Na verdade eu não diria aposentadoria, pois eu não sou profissional de MMA, comecei a participar dessas competições pra testar minhas habilidades contra adversários de outras modalidades distintas da minha e pela satisfação pessoal mesmo, pra ir além dos meus limites, mas atualmente perdi a vontade de ter que me digladiar com outra pessoa, que às vezes está ali por diversos motivos. Motivos até mais nobres que os meus. Outro detalhe é o alto custo pra quem é atleta se manter em forma hoje em dia, com alimentação, suplementação, preparação física, acompanhamento médico e etc, sem falar que o retorno financeiro aqui no Brasil não compensa. Eu na verdade vou traçar outros rumos na minha vida, agora tenho outras prioridades, como terminar minha faculdade de Educação Física e tentar um Mestrado na área de Motricidade Humana.
Deixe um recado pra galera da Sultatame.
Gostaria de deixar na verdade um agradecimento a todas as pessoas que ajudaram no meu treinamento, ao Professor Alexandre Caldas o He-man, de Curitiba, ao professor Junior Aguiar e sua esposa Juliana Aguiar de Joinville, que me ajudaram bastante no meu trabalho físico, as pessoas que acreditam em mim e acima de tudo a Deus que me deu saúde, um físico privilegiado e muita vontade, e coragem pra encarar meus desafios.
Postado por Brasilian Club Jiu-Jitsu às 12:28
Marcadores: Entrevistas
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